Foi tão rápido, nem deu para ver o rosto deles. Eram mais de um, disso eu sei. O que eram, como eram, ou quantos eram, eu não sei. Eu estava abaixada com aquele garotinho quando arrombaram a porta e invadiram aquela silenciosa casa. Eu levantei a cabeça para vê-los, mas eles colocaram um saco na minha cabeça. Acho que fizeram o mesmo com o garoto. Depois, nos levaram para algum lugar... aonde não sei dizer aonde é.
Quando nos trouxeram à tal lugar, tiraram os sacos das nossas cabeças e nos jogaram pra dentro de uma cela. Eu tentei sair dali correndo, mas já haviam fechado e trancado a grade.
- Por favor, o que vocês querem? Nos tirem daqui! - Eu implorava, mas eles não davam atenção.
Eles vestiam um tipo de armadura para esconder o corpo e o rosto.
- Afinal, o que vocês querem?! - Eu gritava chorando. - Olhem para esse garoto, ele é apenas uma criança, deixe ele ir!
Não sei quanto tempo fiquei implorando. Alguns deles falavam para mim calar a boca às vezes, mas eu só parei quando o garoto segurou minha mão e balançou a cabeça negativamente, me mostrando que o que eu estava fazendo era em vão.
Então, o garotinho me puxou para longe das grades e me fez sentar encostada na parede. Em seguida, ele sentou ao meu lado. Ficamos assim por um tempo, apenas olhando pro nada. Até que eu virei pra ele e forcei um sorriso.
- Qual é o seu nome? - Perguntei.
O garotinho me olhou seriamente depois balançou a cabeça diversas vezes. Parecia pensativo. Por que não respondia logo?
Até que ele avistou uma pilha de carvão do outro lado da cela. Ele levantou, andou até lá, pegou um pedaço de carvão e depois sentou novamente ao meu lado. Ele me mostrou o pedaço de carvão, e depois escreveu na parede:
"Gabriel". - A letra dele era tremida, como a de qualquer criança que aprendeu a escrever à pouco tempo.
- Bom, Gabriel - Falei surpresa. - Por que você não fala?
Ele me olhou de um jeito estranho, e escreveu na parede:
"Porque não tenho voz, ué. Se não, já teria falado."
Eu ri. Ele só deu um sorrizinho.
- Meu nome é Babyjeh. - Me apresentei. - É um prazer conhecê-lo. Mesmo numa situação dessas, é bom estar com alguém.
Ele sorriu novamente.
- Quantos anos você tem? - Perguntei.
"6". - Ele escreveu.
Ficamos conversando assim por algum tempo. Pode ser loucura, mas eu me diverti. Não é que eu tinha arranjado mais um amigo?
Nós rimos bastante. Mas, então, depois de um tempo, eu fiquei séria.
- Gabriel, posso te perguntar uma coisa? - Perguntei. - Se não quiser responder, não precisa.
"Pode" - Ele escreveu.
- O que aconteceu com seus pais?
Ele fez uma pequena pausa olhando pra baixo, depois pegou minha mão e me levou para um lugar da cela aonde a parede estava limpa.
"Meus pais..." - Ele começou a escrever. - "Não me lembro do nome deles. Eu tinha 3 anos de idade quando me deixaram".
- Como, te deixaram? - Perguntei, indignada. - Assim, sozinho? Por que?
"Pelo que eu me lembre, me deixaram com uma mulher que eu não conheço, mas disseram a ela que iriam voltar logo. Os meses se passaram, e eles não voltaram. Até que aqueles caras..." - Ele deu uma pausa. Havia lágrimas caindo dos seus olhos. - "Eles vieram me buscar. Mas a mulher que cuidava de mim me escondeu, então levaram ela. Desde então, eu moro sozinho."
- Meu Deus! Você que cozinha, cuida da casa... tudo sozinho? - Perguntei.
"Sim".
- Nossa... eu acho que sou parecida com voce. - Quando eu disse isso, ele olhou para mim. - Não tenho família nem amigos. Quer dizer, apenas um único amigo. E eu ainda sofro na escola.
Ele concordou com a cabeça, abaixando-a. Então, começou a chorar.
- Não chore. - Cheguei mais perto dele, e o abracei. Ele se apoiou no meu peito e continuou chorando.
Depois de um tempo, decidimos dormir. Deitamos um olhando para o outro. Eu pude ver o medo que estava nos olhos dele, antes dele pegar no sono. Eu também não pude disfarçar o meu.
Eu acordei primeiro. Como sempre, o sol havia nascido mais tarde. Eram 08:45 quando o sol invadiu a pequena janelinha no topo na cela e bateu no meu rosto. O Gabriel continuava dormindo.
Me levantei e olhei em volta. Eu desejava acordar na cama da minha WR, mas eu estava ali naquela cela, sem saber o por quê.
Andei em direção as grades e tentei olhar lá pra fora. Consegui enchergar mais celas, mas não dava pra ver quem ou o que estava lá dentro. Na cela em frente à minha, eu podia ver alguém dormindo. Só não sabia quem era...
Soltei um grito quando uma mão puxou o vestido que eu estava vestindo. Quando olhei para baixo, vi que era o Gabriel que havia acordado.
- Ah, olá. - Eu disse, disfarçando o susto que havia tomado. - Bom dia.
Ele concordou com a cabeça, e segurou as grades do meu lado. Ficamos um tempo observando o Pixtar que estava na cela à nossa frente, tentando descobrir quem ele era. Então, desistimos e sentamos de costas à parede de novo.
- Não consigo entender... - Ele não esperava que eu dissesse alguma coisa, então tomou um pequeno susto. - Por que estamos aqui? Não fizemos nada. Pelo menos eu, não.
Ele pegou o pedaço de carvão que havia guardado e escreveu na parede: "Eu também não".
Soltei um suspiro. Será que era assim que terminava? Eu presa sem saber por que, com um garoto de 6 anos?
Até que vi uma coisa. O Pixtar da cela à nossa frente, que estava deitado, se levantou. Ele estava de costas para nós. Eu me levantei e caminehi até as grades. O Gabriel me seguiu.
Ele estava de costas para nós, mas dava pra ver que era preto e branco, e seu cabelo era chiquinhas feitas de "?".
- Gabriel... Aquela é a NANINHA!
Essa historia foi criada por babyjeh e todos os outros capitulos seram postados aqui no LinkPax
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